O que é shuukatsu: ~arrumando um emprego no Japão~

Para quem segue o canal no Instagran, sabe que estava a procura de um milhagre de emprego novo. 

Vou escrever sobre essa longa caminhada e essa experiência de busca infindável pelo emprego no Japão.
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Emprego no Brasil.

Conheço muita gente que tem uma porra de facilidade de mudar de emprego que me indago: Da onde eles arrumam esses trabalhos??

É incrível, enquanto você tá aí, esparramando dados pessoais entitulado de curriculum cidade a fora, e sem uma entrevista, sempre tem aquele amigo seu que enjoa do trabalho e no dia seguinte tá em outro acumulando experiência. 

Em um país sem escritório de apresentação de emprego oficial, como é que povo arruma trabalho?


Emprego no Japão 

1. Para Brasileiros
2. Normal

1. Para brasileiros

A forma de brasileiros arrumar um trabalho no Japão é se cadastrando em empresas de terceirização, vulgarmente chamados de empreiteiras ou Haken Gaisha. 
Existem muitas Haken Gaishas que têm filiais no Brasil que contratam direto no território brasileiro. 

Agora, se você já mora no Japão e quer arrumar um outro emprego, aí teria que ver ofertas de trabalho em:

  • Hello Work (Shoku-An, filiado ao Ministério de Trabalho do Japão)
  • Oferta de empregos pela revista Alternativa ou do IPC word entre outros sites.
  • Sair ligando para todos os amigos brasileiros atrás de indicação.

As chances de conseguir um emprego pelo Hello Work para estrangeiros são mínimos. Mas se é dona de casa e quer só um bico talvez seja uma saída. O Hello Work não precisa necessariamente estar recebendo seguro desemprego para ir pedir ajuda. É um órgão público de livre acesso, e em locais com bastante estrangeiros, conta com tradutores. 

Free-paper como Alternativa e IPC digital, oferece anúncios em português. Digo pela experiência própria, essas empresas que colocam anúncio em português em sites assim sempre tem um tradutor ou alguém que saiba falar o português. Então, pode sair ligando atrás. A média é que ligue para todas as ofertas em que interessar. Não se acanhe em escutar um não. 
E se prepare pois podem te oferecer um trabalho que não era o que estava procurando ou não seja igual ao do anúncio. 

Ser indicado por um amigo é a melhor forma de achar um trabalho. Tanto porque a maioria das empreiteiras não aceita estrangeiro sem indicação ou fiador. Por isso ter bastante conhecido brasileiro no Japão é importante. 


2. Normal

As formas para um fluente em japonês procurar um emprego são várias. 
  • Por seminários voltados para estudantes de universidade ou de Koukou
  • A partir de sites de cadastros de empregos como DODA, MyNavi, Rikunabi, EnTenshoku, Indeed, Hatarakonetto, entre muitos outros. 
  • Career Advicer ou Head Hunting
  • Hello Work
  • Enviar curriculum para todas as empresas que for se interessar.


No Japão existe o sistema de Shinsotsu Koyou, que é contratação de novos formandos. As empresas que fazem parte do programa são obrigados a abrir vagas anualmente para recrutar novos empregados de universidades ou de ensinos médios. 

No Japão para mudar de emprego se chama Tenshoku, é um ato não muito comum pois a cultura do país é que a pessoa morra ou aposente pelo primeiro emprego. Logo esses sites ajudam a encontrar outros empregos para quem quer trocar de carreira ou quer pedir as contas. 
O qual nos leva a career advicer. Que a maioria dos sites de cadastros de empregos possui. Essas pessoas são consultores de carreiras que indicam e aconselham empregos que combine melhor com o desempregado em questão.
Quem se submeteu a teste vocacional no ensino médio?
É praticamente isso. 
Não adianta muita coisa. Você pensa. O resultado do teste vocacional de quando eu estava no 3o. ano foi como previsão da minha carreira atual.

A forma de cadastro é fácil. Você cadastra o seu curriculum respondendo as perguntas do site, e depois é só sair procurando pelo sistema de busca ou aguardar um Head Hunting, que são pessoas que sai por sistemas ou em outras empresas tentando contratar pessoas competentes. 
Eu acho que cadastrar por esses sites é mais fácil pois como um e-mail tem sistema de mensagens e pode se candidatar ao emprego com um só clique. 

Da mesma forma que no Brasil, seja recém formado ou não, procurar emprego no Japão é bater porta em porta. Ciberneticamente. 
Diz os career advicers que a tendência para encontrar um emprego é de 1/50. Significa que só vai encontrar um emprego depois de 50 entrevistas em 50 empresas diferentes!
Lógico que isso depende de pessoa em pessoa. Tem gente que vai a 100 entrevistas e tem gente que nem a entrevista vai e muda de emprego. 


Como arrumar um emprego

1. Por indicação
2. Por Hello Work
3. Por sites de anúncio

1. Por indicação

Eu arrumei o primeiro emprego no Japão por indicação de ninguém mais ninguém menos que o meu próprio papai. Isso mesmo, não tenho vergonha de falar, foi MEU PAI que me arrumou um trabalho. 

Muitos brasileiros arrumam trabalho por indicação e como no Brasil, no Japão o papai mexer uns pauzinhos pra te enfiar em um trabalho não é bem visto. Mas fazer o que né, a gente tem conta pra pagar. 

2. Por Hello Work

Sinceramente nunca conheci alguém que realmente conseguiu arrumar um trabalho por Hello Work, e raramente a empresa que eu trabalhava contratava gente indicado por lá.
Sabe por que? São todos estranhos. 
O próprio funcionário do Hallo Work não entende o serviço e vem monte de gente achando que é uma coisa e na verdade não é.  
Eu já achei uma oferta de trabalho onde o preço salarial estava abaixo do salário mínimo previsto em lei nos cadastros de Hello Work. Um absurdo já que esse lugar é órgão do governo!


3. Por sites de anúncio

Cadastrar nesses sites que ajuda a procurar emprego é a melhor forma de mudar de emprego, pelo meu ponto de vista.
Mandar curriculum pelo site da empresa que deseja, raramente acaba em uma contratação. Tanto porque o candidato que procuram é um Semi-Deus.

Uma coisa que eu gostaria de dizer a todos os que trabalham em recursos humanos é o seguinte: Ninguém da carreira e curriculum do tamanho que essas empresas grandes desejam em suas ofertas de trabalho na seção Career, vai vir pelo site da empresa. Esse povo inteligente e promissor muda de emprego por Head Hunting

Por isso mesmo o sites de anúncio. 
Tem mais posição normal para quem não tem muita experiência ou formação célebre. 

A segunda opção é se cadastrar em sites de Haken Gaisha com "Shoukai Yotei", que é empreiteiras que indicam a pessoa para trabalhar em determinada empresa cliente mas estão aptas a vender esse recurso humano. Assim tem uma grande chance de entrar como Haken mas acabar se tornando Shain por prazo ou não. 


Por que eu quis mudar de emprego?

Digamos que meu trabalho diminuiu por causa da licença maternidade que eu tirei. Isso ocorre com qualquer mulher que tire essa licença pois a empresa contrata outra pessoa no lugar e tal. 
Mas eu voltei ao trabalho cheia de projetos e novas implementações de marketing que com a ajuda do meu supervisor iríamos aumentar o negócio gerando lucros e etc. Sendo uma empresa das antigas, uma mulher não poderia ser mais do que secretária. Logo a ajuda do supervisor (homem) nos negócios seria indispensável já que no setor era a única pessoa que se interessava em inovação. 

Daí o que aconteceu foi aquela explosão que teve num bar que contei no Instagram. Desde então parou parou de me passar trabalho me deixando numa posição constrangedora que me tornava ladrão de salário já que nem atender telefone ele deixava. 

O qual me fez pensar:
Se eu pedir para mudar de setor, teria que trabalhar menos, como part time (meio-período) diminuindo o meu salário.
Será que compensa?
Se vou receber menos, será que não seria melhor me aventurar em um emprego que adquira mais experiência como carreira?

Cheguei a conclusão de que se eu fosse buscar experiência colocando estabilidade a risco, a hora seria enquanto tenho só um filho, e ainda bebê. 

(muita gente deve estar achando que esse cara roubou minhas idéias e estava tentando me cortar, acertou. Se conseguir tudo isso mais o trabalho de dia-a-dia sozinho, esse cara é O cara e merece todo sucesso) 


Regras básicas quando se procura um emprego

Tem gente que diz que não deve dizer para a empresa que pretende mudar de emprego e tem gente que diz que deve dar o aviso prévio de 30 dias. 
Eu digo que só deve dizer que pretende mudar de emprego quando já estiver com entrevistas marcadas. 

Muitos contratos trabalhistas exigem que o aviso prévio seja de 30 dias mas isso não é previsto em lei. Pela lei trabalhista japonesa o empregado pode deixar de vir trabalhar a qualquer momento que deseje. 
Porém a lei civil rege que a quebra de contrato, quaisquer que seja, tenha um aviso prévio mínimo de 2 semanas. Duas semanas acho que é suficiente para a pessoa usar todo o yukyu que lhe resta, colocar entrevista pra todos os dias e arranjar um outro emprego. 

Claro que nessa hora de troca de emprego, precisa de um pouco de dinheiro guardado para te sustentar até o primeiro salário do emprego seguinte. Por isso não se deve gastar todo o seu salário em balinhas.

Entrevista

Para ir a uma entrevista de trabalho, precisa tomar cuidado com a sua vestimenta. Terno e gravata é o dress code mais básico para qualquer tipo de entrevista de trabalho. Precisa estar limpinho mas não precisa de perfume. Estar munido de curriculum em formato japonês com foto e todos as suas experiências de carreira. 
Estar somente com vontade de trabalhar não conta. 
Precisa ter pesquisado sobre a empresa, seus produtos, sobre pessoas que a empresa procura, e muito importante o motivo que te fez vir. 
Novamente, "preciso de emprego" não é resposta correta. Precisa fazer o entrevistador sentir necessidade em te escolherer entre outros candidatos. 

Normalmente em empresas japonesas como Sei Shain, tem de 2 a 3 entrevistas. Com o chefe do setor, com chefe do recursos humanos e com algum superior ou CEO.

Pontos para contratação

O entrevistador verifica se o candidato é apto para o trabalho, mas o crucial é se o candidado vai se acostumar à turminha já formada. Lógico que a aptidão é o mais importante, mas fazer parte da família também é importante. 
O entrevistador vai verificar se a pessoa vai ou não durar naquela posição. 

O que não deve fazer é se preocupar demasiadamente com o dinheiro. Parece idiotice pois precisamos dele para viver e por causa disso que a gente trabalha. Mas pare e pense. A pessoa que entrevista já tá nesse trabalho com estabilidade e salário é um acessório automático. O que ele deseja é um salvador da pátria que ama a empresa e quer fazer o bem para a empresa. Começar a falar sobre dinheiro pra ele é como jogar um balde de água gelada na cabeça dele fazendo com que não te contrate. 

O salário é um assunto a ser discutido apenas depois de aprovação quando for assinar o contrato.

Para outras dicas de entrevistas, veja o hastag #morandono japao a procurade emprego (tudo junto) ou #morando就活 no Instagram para mais dicas.



No fim das contas

Fui no total 4 entrevistas.
As que eu sabia que eu ia passar, nem passei no curriculum.
As que estava super interessada, e já sabia o que fazer, eu não passei na entrevista.

Acabei ficando com o primeiro emprego em que fui aprovada.
A quarta entrevista a que fui, achando que não ia ser contratada, mas fui porque sempre fui interessada em consultoria, e seria uma experiência grande para um futuro escritório jurídico/administrativo/despachante o qual almejo um dia ter.
Acabei aceitando posição de assistente em um trabalho que sinceramente faço a mínima ideia do que fazem. Desde que aceitaram minhas condições de trabalho.

Estou com 30 e poucos anos, com um bebê+marido+gato e estou me aventurando em uma contadoria no meião de Tokyo.



Nunca é tarde de mais para começar algo novo. 

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