Seguro de vida e outros seguros vivendo no Japão


Seguro de saúde (kenkou hoken 健康保険) e previdência (nenkin hoken 年金保険) são obrigações para todos os indivíduos que residem no Japão.

Esses dois seguros mencionados acima (sendo o primeiro que cobre 70% dos custos com médicos e medicamentos, e o segundo que assegura o pagamento de aposentadoria) são seguros governamentais.

Eles, reforço insistentemente, exigem o pagamento obrigatório de qualquer pessoa que resida, more, trabalhe ou viva no país, excluindo turistas, assim como ocorre com o imposto de renda e o imposto cidadão. Estou cansada de ver brasileiros que vêm ao Japão para trabalhar e nem mesmo pagam o Shiminzei. Peço que evitem caminhar pelas ruas asfaltadas. Deveriam considerar a revogação do visto para quem está em débito com a Receita...

Enfim, vou abordar aqui os OUTROS seguros.

Os seguros facultativos oferecidos por empresas privadas.

No Brasil não tinha tanta familiaridade com o seguro a não ser o seguro de carro ou seguro de vida. 


Nesse post vou falar sobre os 2 principais seguros que o povo aqui entra. 
(tem outros!)

Seguro de Vida

O seguro de vida (生命保険 seimeihoken) como vocês podem imaginar, é exatamente o que estão pensando.
O segurado falece e outra pessoa recebe uma quantia em dinheiro.

No passado, não havia limite para o pagamento final, e ocorreram muitos casos de homicídios. Como as seguradoras não previram isso, certo? Elas não anteciparam a astúcia dos brasileiros.

Hoje em dia, o valor recebido no final depende muito dos anos de pagamento e da mensalidade.

Em média, uma taxa de cerca de 20.000 ienes é paga, e após um ou dez anos, é possível receber 4.000.000 ou 5.000.000 de ienes. Ao contrário do Brasil, algumas seguradoras, caso o montante pago já seja suficiente, pagam o seguro mesmo em casos de suicídio ou morte por culpa própria.

Quais as principais empresas de seguradora?

Rakuten (a que eu saiba a mais nova)
Sony Life (a que tá ganhando mais dinheiro entre os grupo Sony)

E tem inúuumeras seguradoras incluindo as do banco. 

O seguro de vida do banco 

Pelo que sei, todos os bancos oferecem seus próprios seguros de vida, seguro previdenciário, investimentos em ações e uma variedade de seguros que a imaginação permitir.

No caso em que entrei, na verdade, fui obrigada a entrar, e acredito que muitos também o façam. Refiro-me ao seguro ligado ao empréstimo para a compra de uma casa.

Atualmente, no Japão, é comum adquirir um empréstimo bancário para a compra de uma casa ou apartamento sem entrada, com um prazo de pagamento de 30 a 35 anos e juros bastante atrativos. O banco exige que o devedor também adquira um seguro de vida pelo mesmo banco, a fim de proteger o próprio banco caso o devedor venha a falecer antes de quitar o empréstimo. É claro que a falta de pagamento pode resultar na retomada do imóvel pelo banco. Porém, se o devedor falecer, o restante do empréstimo é considerado quitado e o imóvel passa para os herdeiros.

Isso é bastante vantajoso, já que a mensalidade do seguro é muito acessível. No meu caso, o pagamento é anual e extremamente baixo. Provavelmente, isso é compensado pelos juros que pago pelo empréstimo.

Observação: Esse tipo de seguro não pode ser convertido em dinheiro. Só pode ser utilizado para o imóvel.

Qual é a melhor opção?

- Se você pretende passar o resto da vida no Japão

Eu aconselho um seguro de vida do tipo depósito. Um tipo no qual, após cerca de 15 a 20 anos de pagamentos, você pode cancelar o seguro e receber o valor total que pagou, acrescido de juros. É recomendável optar por um seguro que seja quitado até os 60 anos de idade. Se você deseja deixar o seguro como herança para seus filhos, verifique o valor final, pois pode haver imposto sobre herança. Se você é jovem, escolha um seguro do tipo depósito que possa ser cancelado e que permita recuperar o dinheiro sem perdas, pois nunca se sabe o que o futuro reserva.

-Se pretende ou não se sabe ao certo se vai voltar ao Brasil

Entre em um seguro que lhe pague em dollar e te cubra mesmo que decida morar no Brasil, ou seja no exterior. Ou se sabe que vai ficar por pelo menos próximos 20 anos, um que possa ser cancelado e ter o dinheiro pago de volta. 
Mas se desde o início sabe que vai voltar para o Brasil, entre em seguro no Brasil. 

O que é seguro terceiro setor

É chamado de seguro de Daisan Bunya (第三分野)quando o seguro não se enquadra a seguro de vida ou a seguro contra acidentes (seguro de viagem, seguro de carro, seguro contra incêndio etc.).

O conhecido como Iryou Hoken (医療保険)é um seguro para pagar contas com internação ou cirurgia. Muitos têm limites de pagamento como X valor por 60 dias, e outros que limita o pagamento, como por exemplo: Se internou por 7 dias e recebeu o pagamento referente a esses 7 dias. Nos próximos 3 meses mesmo se internando não poderá receber o pagamento. 

O Gan Hoken (がん保険), é seguro contra câncer, que normalmente quando assina contrato do Iryou Hoken ou seguro de vida, vem como opção. Desse recomento o Aflac, pois é o que melhor paga o tratamento e quimioterapia. 

Kaigo Hoshou Hoken (介護保障保険)é o seguro que paga o Kaigo (cuidados com idoso), e ajuda na reforma da casa, ajuda a pagar helper (não é enfermeiro, é uma profissão especializada em cuidar de idoso acamado). 

Shotoku Hoshou Hoken (所得補償保険), é o seguro que sempre existiu mas o comercial do Aflac insiste em enfiar na cabeça das pessoas de que é nova como se eles tivessem inventado isso. É um seguro de salário. Recomendado para mães/pais solteiros que não dependem do ex-parceiro(a) para criar os filhos. Se algo acontecer de por exemplo devido a acidente (alguns cobrem em casos de rescisão contratual por parte da empresa) não poder trabalhar por alguns meses, esse seguro garante a continuação do pelo menos salário base para sustentar a casa. 


EXTRA

Existe no Japão seguro de acidentes com bicicleta (自転車保険 jitenshahoken) ou danos materiais (損害保険 songai hoken) causados por seus filhos. 
Recomendo se seu filho é aquela criança que vai até Tokyo de bicicleta pq deu na telha. 
A lei nova de trânsito rege que um acidente de bicicleta é vista da mesma forma que acidente de automóvel. E aqui no Japão um pedido de desculpas só funciona entre a família. Mesmo que a criança tenha menos de 13 anos de idade, se for responsável (seja por dolo, seja sem querer) por danos a outrem, é obrigado a pagar indenização. Lógico que criança não tem poder financeiro para tanto, logo o responsável por essa criança (tutor ou pais) se arcam com as despesas. 
Se a bola do seu filho acertar na janela do vizinho é questão de 10,000 yen. Mas como ocorreu o caso do menino que atropelou uma senhora de bicicleta cuja bateu a cabeça e ficou em estado vegetal, é questão de 95,000,000 yens, que daria 9.500$. É uma jurisprudência, e esse valor foi determinado pelo tribunal para os pais de um menino de 11 anos. 

Existem seguro de bicicleta por 500 yens mensais. Compensa.

O outro seguro que o povo entra muito é a educacional Gakushi Hoken (学資保険)
A conta depósito de bancos japoneses dão juros de tipo 0,01%. A mesma porcentagem que enumera um acontecimento de milagre. 
Logo, compensa mais entrar em um seguro ou investir em uma ação ao invés de juntar dinheiro em conta depósito. 
O Gakushi Hoken, tem váaaarios tipos de pagamento, tempo de pagamento, alíquota, o valor que é pago e quando é pago. Depende muito de quantos filhos tem e quanto quer dar para pagar seus estudos. Tem uns que paga uma parcela em cada matrícula em cada ensino. Tem outro que paga tudo de uma vez quando a criança fizer 18 anos. Mas o melhor é o que a mensalidade do seguro condiz com o valor que queira juntar por mês, e um que tenha um seguro que se o contribuinte vier a falecer ou sofrer um acidente grave, fique isento do pagamento restante. Nesse caso eu recomento o seguro da Sony, que a mensalidade é alta, mas é pago até os 16 anos e garante uma parcela de pagamento para cada ano da Universidade. 


O que é dairiten

Dairi Ten (代理店), é uma agência de seguros que representa várias seguradoras, vendendo cada plano de seguro como "produto". 
Se você tem já uma seguradora de preferência, acaba saindo mais rápido ir direto pela inscrição online ou se dirigir à agência direta, pois essas dairi-ten não meche com todos os produtos da mesma empresa e às vezes não mexe com a seguradora que você se interesse. 
Como por exemplo no caso do Mitsubachi Hoken que não mexe mais com os produtos da Sony. 

É interessante abordar esse caso. O Mitsubachi não trabalha mais em colaboração com a Sony e não vemos mais comerciais da Mitsubachi como antes. Por quê?
Porque, sob a direção do antigo CEO, os agentes da Mitsubachi eram obrigados a promover os produtos da Sony de forma agressiva, pois a Sony era a empresa que oferecia a melhor comissão. Isso veio à tona através de um processo trabalhista coletivo. O processo ainda está em andamento, mas nenhum jornal comenta sobre o caso, provavelmente porque os jornalistas desse país muitas vezes não cumprem seu papel. De fato, a Mitsubachi não vende mais os produtos da Sony.

E falando ainda sobre a Sony, recentemente alguns funcionários da empresa foram indiciados e demitidos por envolvimento em casos de estelionato. Eles estavam vendendo seguros, fazendo contratos, mas NÃO estavam registrando as informações no sistema, e encontrando maneiras de redirecionar os pagamentos para suas próprias contas.

Ainda acredito que os produtos da Sony são os melhores. Para mim, o seguro estudantil é o mais vantajoso.

No entanto, as seguradoras continuam sendo o campo de atuação preferido dos maiores estelionatários deste país. Ao assinar qualquer contrato, verifique todos os RISCOS envolvidos e nunca assine um documento sem voltar para casa para pensar a respeito do seguro. Evite fazer negócios em sua casa e não assine contratos com freelancers que aparecem no seu local de trabalho ou em sua casa. Sempre faça contratos em lojas credenciadas, bem registradas no Google Maps, e confirme sua filiação através do site oficial. Evite locais desconhecidos e não assine com freelancers.

Particularmente, tenho uma opinião muito negativa (desculpe se você trabalha nesse ramo, mas creio que compreenda meus motivos) em relação a essas mulheres (conhecidas como "hoken no Onesan") das seguradoras que chegam com um monte de papéis debaixo do braço para oferecer seguros no seu horário de almoço na cantina. Eu mesma proibi a entrada desse pessoal no meu escritório. Além de serem insistentes, não têm credibilidade.

Se você decidir adquirir um seguro, vá diretamente à fonte. Eu mesma assinei um contrato com a Mitsubachi, pois entrei em um seguro e eles não ficaram me incomodando, não ficaram me ligando. Eles enviam informações e atualizações uma vez por ano, e a loja fica próxima da minha casa. Eles me cumprimentam sempre que passo pela frente da loja, e eu já sabia exatamente qual produto de qual seguradora eu queria.

Porém, recomendo sempre buscar informações diretamente na fonte.

A respeito das seguradoras que atendem em português:


NÃO TENHO A MENOR IDEIA.

Lamento, mas desconheço qualquer seguradora que ofereça atendimento em português. Talvez em regiões com muitos brasileiros, como Aichi, Gunma e Nagoya, existam agências que tenham atendentes que falem português. No entanto, acredito que o contrato ainda seria em japonês.

O que os brasileiros que conheço fazem?
Eles optam por seguros oferecidos pelos bancos onde possuem contas ou fizeram empréstimos para financiamento ou optam pelos seguros do Yuucho (serviços bancários do correio japonês) ou pelas seguradoras das empresas onde trabalham. Mesmo para aqueles que trabalham como contratados temporários ("hakens"), se a empresa-mãe for uma multinacional, é provável que haja uma seguradora interna para funcionários, que pode também cobrir os contratados.

Eu não faço mínima idéia o que fazer? Onde entrar?

Existe no Japão uma profissão chamada Finacial Planner (FP). 
Muitos Dairiten ou Seguradora tem uma pessoa com essa habilitação que possa conversar para tentar achar a melhor foma de planejar sua vida financeira.  

Em resumo, o que deve levar em consideração é:

1. Planejamento de vida e planejamento de renda.
 (casamento, filhos, trabalho, pagamentos necessários do dia a dia)
2. Gerenciamento de risco 
 (morte, doença, seguros)
3. Gestão patrimonial
 (depósito, investimento, etc)
4. Planejamento de impostos
 (impostos de renda, cidadão, bens móveis e imóveis, evitar bitributação)
5. Imóvel
(se vai ou não comprar uma casa)
6. Sucessão
(sobre herança, se vai deixar, como vai ficar o imposto, lembrando que a "doação" no Japão também é tributável)

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