Como economizar na alimentação morando no Japão.

Se você mora no interior, onde os vizinhos te dão verduras de graça, agradeça a Deus. No entanto, se você mora em uma cidade grande, metrópole ou na área industrial, a comida será uma das despesas mais caras que você terá (depois da moradia).






Antigamente, lá pelos séculos passados, ter um corpo robusto era sinal de riqueza. Hoje em dia, comida saudável custa caro e é considerada um luxo.

Aqueles que moram em dormitórios com refeições inclusas têm muita sorte. Agora, para aqueles que precisam comprar ou cozinhar em casa sozinhos para saciar a fome, aqui vão algumas dicas de como se alimentar de forma saudável economizando.





1. Não escolha comida pronta.

É uma armadilha, não caia nessa. As comidas mais baratas do mercado parecem ser os bentos, feitinhos, gostosos e tal. Mas quem trabalha em Obento-ya sabe muito bem como são condimentados em excesso e conservados quimicamente. Compre comida pronta somente quando você não tem opção de cozinhar.



2. Tente cozinhar em casa. Tente levar comida pronta para o trabalho.

Feijão, arroz e verduras cozidas podem ser congelados e levados para o trabalho e aquecidos no micro-ondas. A maioria das empresas, escritórios e fábricas tem copa com geladeira e micro-ondas. Mas isso não é garantido por nenhuma lei no Japão. Logo, você pode ser obrigado a comer no meio das máquinas em pleno movimento. Nesses casos, vale levar sanduíche ou onigiri.

Tenha pelo menos a máquina de fazer arroz, micro-ondas e panela de pressão. Esses três itens vão te ajudar a economizar na energia e gás. Faça bastante de uma vez, coloque em potinhos de 100 ienes, e congele tudo.



Dica para levar molho e feijão: deixe o molho por baixo e cubra com macarrão ou arroz por cima, tampe com papel filme antes de fechar a tampa. Embrulhe com um saquinho plástico e coloque em um lenço que usam para envolver o bento. Mas se tiver micro-ondas e geladeira, é mais seguro levar congelado.

Nunca compre bebidas nas máquinas Jihanki. Elas custam caro. Se vai gastar dinheiro, gaste em uma garrafa térmica e leve chá feito em casa.

Se você chega muito cansado do trabalho, vale sempre ter pão de forma estocado em casa. Pão de forma é o pão mais barato no mercado e pode ser passado com margarina e consumido apenas para encher a barriga. Tenha sempre molho de tomate e macarrão ou miojo. E nunca caia na tentação de entrar em kombini.



3. Vá ao mercado antes de fechar depois de jantar.

Muitos mercados fecham às 8 horas. Alguns maiores abrem até as 11 da noite. O ideal é que nunca vá fazer compras de barriga vazia. Se não der tempo, leve um pão com você para o trabalho, coma ao sair, e se dirija ao mercado.

Os mercados costumam vender alimentos frescos por metade do preço antes de fechar.

A minha dica é passar no My Basket, um mercadinho em estilo kombini do grupo Aeon. Se tiver um perto da sua casa, parabéns. Não vá mais ao mercado, no My Basket sempre vai ser mais barato, principalmente os produtos da marca Aeon. Esse mercadinho vende comida pronta com 50% de desconto algumas horas antes de fechar. Se não tem cozinha na sua casa e se quer comer comida pronta, comida de gente ou brindar a sua sexta-feira, esse é o lugar para ir.

Alguns mercados fazem promoção 30 minutos antes de fechar de verduras e outros alimentos perecíveis. Nunca fui, mas é uma lenda que todos os artistas de TV contam de tempos em que não eram famosos e não tinham dinheiro nem para sobreviver.




Moro agora de frente a um mercado grande e uma hora antes de fechar, o povo até faz fila atrás dos funcionários com adesivos de descontos. Nesse mercado, no caso, as verduras não entram em promoção, mas as comidas prontas ficam muito mais baratas.


4. Perca nojo de comida.

O vegetal mais barato que vai encontrar no mercado é o moyashi, ou seja, broto de feijão. Ele vai bem em sopa, salada e refogado. E é barato o ano inteiro.



Em ranking de mais barato, é o do Fit Care, com 19 ienes o pacote. Mas tenha cuidado, ele estraga em dois dias.

Depende muito da época, mas no outono e primavera, o repolho é uma verdura barata e que compensa. Ele enche bastante a barriga, e quem se importa com gases quando não se tem dinheiro?

Tofu, queijo de soja, sai mais barato do que qualquer proteína que esteja no mercado. Muitas vezes é vendido um pacote por cerca de 30 ienes, e já serve como janta inteira. Eu sobrevivi ao verão com muita umidade comendo salada de tofu, enchendo bastante a barriga.



Shiitake. Acho que depende da região, mas é barato. Onde eu morava tinha uma Shoutengai com um verdureiro que sempre vendia uma bandeja com uns 4 pacotes de shiitake e outros cogumelos por 100 ienes, e comia a semana toda.



E outras verduras e vegetais que não têm tradução em português. Muitos têm épocas em que ficam extremamente baratos.

Konnyaku, é um treco gelatinoso criado a partir de uma batata e tem essa cara.



Em barra, ele é mais barato. Para comer, precisa lavar bem e cozinhar em água fervente depois, colocar em sopa, refogado ou cortar fino e fritar como um bife. Ele vai bem com molhos de sabor forte e é borrachudo. Logo, serve para dieta e para dar sensação de satisfação. E é bom para o ventre preso.

Se gosta de macarrão, se acostume com udon. Esse macarrão grosso e mole feito de água e farinha vai encher a sua barriga, e sua carteira. A versão barata dele pode ser encontrada no setor de congelados em pacotes grandes. Ele é puro carboidrato e engorda, mas pode ser usado no lugar de macarrão comum para fazer yakisoba com bastante vegetais, o que rende bastante.



5. Compre na quarta e no sábado nos verdureiros.

Depende da região, mas diz a lenda que o feirão de distribuição fecha na quarta-feira e no domingo. E verdureiro ou yaoya de ruas comerciais do bairro, sempre compram produtos meio passados, feios, mais baratos do que os mercados. Ou seja, nas quartas e sábados, haverá verduras feias e quase passadas que estão em promoção. Se não estiverem, vale pedir desconto.




6. Procure setor dos produtos passados, e com adesivo de desconto.

Em mercados, sempre há uma caixa ou canto com produtos com metade do preço amontoados. Eles também podem ser encontrados em cantos escondidos em verdureiros. Não tenha vergonha. Sempre compre produtos com adesivo de desconto. Mas cuidado, eles duram bem pouco, então leve em consideração o quanto você vai consumir nos próximos 3 dias.



Tome cuidado com a validade, mas se for comprar condimentos, compre quando estiverem em promoção com esses adesivos de desconto. E de preferência, compre a marca própria do mercado. Diferentes condimentos vão ajudar a não enjoar da comida.

7. Compre alimentos em 2 em 2 ou 3 em 3 dias.

Dá uma baita preguiça, eu sei. Mas é importante comprar alimentos duas vezes por semana visando o dia da promoção. Para poder comprar bastante e economizar, precisa embolsar muito, pois vegetais, verduras e outros alimentos fresquinhos e bonitos duram pouco. E em metrópoles no Japão, é difícil encontrar feiras. Eu mesma só vi duas vezes no shopping de Yokohama e meio de Roppongi Hills, mas era um tipo de evento local e de tempo determinado. Muitos produtores montam barraquinhas sem pessoas para venda no lado de suas hortas, mas é difícil morar ao lado de uma horta que não seja para uso próprio.

8. Conheça os mercados, mercadinhos e verdureiros ao seu redor.

Conheço muitos brasileiros que moram no Japão sem ao menos conhecer a rua de trás da casa. O segredo da economia é andar bastante. Saiba o que tem no caminho do seu trabalho até a sua casa. Às vezes, alimentos vendidos em mercados chiques de shopping de estação são mais baratos do que alimentos vendidos no mercado. Vale a pena conferir o preço dos produtos e dar uma volta pelo bairro para ver o que ele tem a te oferecer.


9. Alguns produtos importados que compensa.

Feijão. O feijão no Japão é um produto importado do Brasil. Pode ser encontrado online ou em lojinhas brasileiras e compensa. Eu costumo fazer feijão praticamente como uma sopa, com condimentos caprichados e sem cheiro verde, para durar mais no congelador. Umas duas xícaras de feijão e 2 litros de água na panela de pressão rendem almoço para mais de uma semana


Arroz tailandês. Não há arroz brasileiro no Japão. Procurei online e nada. O que pode ser encontrado, e é parecido com o arroz agulha, é o arroz da Tailândia. Também pode ser encontrado em lojinhas brasileiras. Por incrível que pareça, ele rende muito e dá para cozinhar na panela japonesa com a medida da panela. Eu costumo colocar um pouco mais de água para poder congelar tudo.

 

Pho. É um macarrão feito de arroz do Vietnã. Pode ser encontrado em Gyoumu Supa, ou em lojas de importados como Kaldi. Ele é barato, é grande e enche, assim como o udon, e é durável. Muito bom para quando você pega uma gripe forte e só consegue tomar sopa.


Massa pronta pra purê de batata. Encontrado em Kaldi ou Ikea.


Cada 500 gramas desse purê rende para 4 refeições. Muito bom para quando você chega em casa cansado, descongela o feijão e o arroz, e quer um prato a mais. Ele fica muito gostoso com margarina e leite, mas dá para fazer com água quente mesmo.

Quinoa.
É um grão da culinária peruana, que pode ser encontrado em lojinhas peruanas ou brasileiras, ou em lojas de produtos importados. Ele rende muito, não tem sabor e depois de cozido, pode ser conservado no congelador. Perfeito para dar volume em saladas de maionese.


10. Caia em tentação somente uma vez por semana.


Todo mundo precisa de descanso. E alguns alimentos são remédios para a alma.

E aqui está uma lista do que é muito, muito caro no Japão:

- Queijo e manteiga.

- Carne bovina

- Frutas

- Pão que não é de forma

- Pó de café (desses para coar)

- Folhagem

- Carne animal. Sai mais barato virar vegetariano.

- Tomate

Tente sair para comer somente uma vez por semana por 1000 yens no máximo.

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