Custos mensais obrigatórios para quem mora no Japão.

Estrangeiros que moram no Japão têm seus próprios motivos e objetivos. No entanto, independentemente do país de origem, todos que vivem no Japão, assim como em qualquer parte do mundo, têm contas a pagar.

Aqui estão listadas as contas obrigatórias que devem ser pagas por residentes/domiciliados no Japão.



Primeiramente, devo esclarecer que, no Japão, a distinção entre residente/domiciliado, como ocorre no Brasil, só se aplica quando você está temporariamente morando em uma cidade devido ao seu trabalho (em um hotel, residência temporária, dormitório, etc.). Fora esse caso, todos, sejam japoneses ou estrangeiros, devem informar às autoridades municipais ou subprefeitura da cidade onde residem sobre a mudança de endereço. Posteriormente, também é necessário informar à prefeitura da cidade para onde você está se mudando sobre seu novo endereço.

No caso de estrangeiros, esse procedimento é fundamental para manter em dia o seu Registro de Estrangeiro.



O registro de endereço é obrigatório. A falta dela pode acarretar em crime de sonegação de imposto. 


1. Imposto Cidadão.


Quando se menciona o "住民税" (juuminzei), estamos falando da combinação do imposto provincial e do imposto municipal. No Japão, não existe o IPTU, portanto, todos os residentes devem pagar mensalmente o imposto correspondente à província e à cidade em que estão registrados. Como mencionado anteriormente, o cálculo do imposto provincial e municipal é baseado no registro de endereço feito nas prefeituras. A falta desse registro pode ser considerada sonegação fiscal, e para estrangeiros, pode resultar em irregularidades e, nos casos mais graves, no cancelamento do visto. Portanto, é importante tomar cuidado com esse procedimento.

Esse imposto é calculado com base no custo mínimo, que varia de acordo com cada cidade, e é aplicada uma alíquota correspondente à renda mensal. Todos os residentes devem pagar, incluindo crianças. No caso de pessoas que não trabalham (ou crianças), o imposto é somado ao pagamento dos sustentadores ou responsáveis.


2. Imposto sobre renda.



Essa alíquota também varia de pessoa para pessoa e depende de onde você mora e trabalha. O cálculo é feito usando uma fórmula complexa e, assim como o imposto municipal e provincial, é obrigatório para todos. Aqueles que são dependentes menores de idade e/ou que ganham menos de 1.030.000 ienes por ano estão isentos de pagar esse imposto. No entanto, é necessário declarar sua dependência e renda anual juntamente com a declaração de renda anual (年末調整 nennmatuchousei) no final do ano ou na declaração de imposto (確定申告 Kakutei-shinkoku) no início do ano, caso tenham sustentadores.

Todos que têm uma renda anual superior a 1.030.000 ienes, seja proveniente de trabalho, aluguel ou qualquer outra fonte, precisam fazer a declaração de renda. Isso pode ser feito pela empresa onde você trabalha ou diretamente no Escritório de Impostos do Japão (税務署 Zeimusho) de sua cidade.

O imposto sobre a renda é calculado com base na renda anual do ano anterior. Isso significa que se você teve uma renda muito alta em 2014, seus pagamentos mensais de impostos correspondentes em 2015 ainda serão altos, mesmo que você tenha ficado desempregado em 2015.

3. Seguro saúde e Seguro previdenciário.


O famoso "shakai-hoken". Esses dois seguros são obrigatórios para todos os residentes no Japão, incluindo aqueles com visto temporário. A menos que você seja um turista, todos que vivem no Japão, mesmo que não estejam trabalhando, devem se inscrever no Seguro Saúde e no Seguro Previdenciário.

Existem vários tipos de seguros, como o militar, para funcionários públicos, para navegantes, entre outros. No entanto, o básico se divide em:

Para aqueles que não estão registrados ou trabalham por conta própria: 国民健康保険 kokumin-kenkou-hoken (Seguro Saúde) e 国民年金 kokumin-nenkin (Seguro Previdenciário).

Para aqueles que estão registrados e trabalham como assalariados: 社会保険 shakai-hoken (Seguro Saúde) e 厚生年金 kousei-nenkin (Seguro Previdenciário).

Ambos os pagamentos acima dependem da renda anual e são obrigatórios. Somente o seguro previdenciário é obrigatório para pessoas com idades entre 20 e 65 anos.

O seguro saúde serve para facilitar o pagamento de despesas médicas, cobrindo 70% do valor total (consultas, medicamentos, cirurgias e internações). Para aqueles que planejam ficar apenas por alguns anos no Japão, o seguro previdenciário japonês pode ser somado ao seguro previdenciário do Brasil.



4. Aluguel




Se você não mora em uma casa própria, logicamente terá que pagar aluguel para ter um lugar para morar. Mesmo que seja um dormitório da empresa, terá que pagar, é claro. Os custos de aluguel podem variar de 30.000 yens (300 dólares) a... bem, o céu é o limite.

Já me deparei com pessoas que não conseguiam entender por que tinham que pagar pelo dormitório.



E eu gostaria que esse tipo de pessoa me apresentasse uma empresa no Brasil que oferece dormitórios (que não sejam barracas) de graça para seus empregados, já que meu aluguel está custando caro.

O Japão tem o tamanho mais ou menos do Estado de São Paulo. E da mesma forma que morar em São Paulo, se quiser morar perto do seu trabalho, com mercado próximo, estação próxima, vai ter seus custos devidamente cobrados, mesmo que a casa seja de apenas um cômodo.

Todos precisam entender que imobiliária é um ramo de negócios, e não uma atividade filantrópica.



5. água, luz e gás.

Os três mosqueteiros das contas de moradia, chamados de 光熱費 (kounetsu-hi), também são obrigatórios de se pagar. Se você está acostumado a não pagar contas de água e luz diariamente, tenha cuidado: no Japão, o gás também é pago mensalmente.

A maioria das casas em grandes metrópoles, principalmente os apartamentos em prédios com mais de 2 andares, utiliza o gás da cidade, que é fornecido através de encanamentos subterrâneos diretamente para a boca de gás na cozinha. Em lugares que não usam gás municipal, é comum utilizar um tipo de botijão comunitário que fica do lado de fora da casa, geralmente administrado pelo senhorio ou pela imobiliária. Mesmo que você não use muito, os custos mínimos são cobrados mensalmente ou bimestralmente.

Quando você se muda para um novo quarto, existem dois casos: a imobiliária chama as empresas de luz, água e gás para ligar as conexões para você, ou eles pedem que você faça isso. Se você passar alguns meses morando no local e mesmo assim não usar muito esses serviços, não se preocupe! Os custos mínimos ainda serão cobrados no seu endereço, mesmo que não saibam o seu nome, e você terá que pagar! Se não pagar, eles virão cobrar você e, em última instância, cobrarão da imobiliária. A falta de pagamento dessas contas pode ser motivo para despejo.



6. NHK



O famoso canal nacional e criador de funcionários públicos mais ETs do ramo, tem seu direito de pagamento mensal protegido pela Constituição. Sim, isso mesmo, Cons-ti-tui-ção.

Acredito que cerca de 90% dos japoneses não pagam por esse canal, e aqueles que pagam só o fazem porque optaram por instalar TV a cabo, e assim não têm como evitar. Se o seu apartamento ou apato tem o adesivo do NHK na entrada ou na porta do quarto, significa que haverá cobradores na sua casa.

A forma de pagamento fica a critério do caráter de cada um, pois não existe nenhuma lei que estabeleça o procedimento em caso de não pagamento. Senhoras e senhores, agora temos a JURISPRUDÊNCIA! Direto do Tribunal Superior. Os advogados tentaram, mas perderam. Agora, se você se recusar a pagar o NHK, pode enfrentar um processo judicial e ser obrigado a pagar sob o risco de penhora!! A partir da decisão de 6 de dezembro de 2017, quando você receber um aviso para fazer o contrato na sua casa via correio ou através desses ETs, o morador é obrigado a fazer o contrato e pagar o valor anual ou mensalmente. No entanto, o NHK não tem o direito de cobrar retroativamente, nem pode considerar que o contrato foi feito unilateralmente só porque enviaram o aviso pelo correio. Portanto, eles devem entrar com um processo contra quem não possui contrato e cobrar a partir do momento da decisão judicial. Pelo menos isso, não é?

Mas cuidado! Eles vão vir cobrar na sua casa, mas o pagamento nunca será feito na hora. O pagamento do NHK deve ser feito da mesma forma que o imposto cidadão por conta, e o cobrador somente tem direito de entregar a conta, mas não de receber o pagamento.

Eu briguei, e perdi. Foi a primeira causa que perdi e nem consegui um acordo. No entanto, consegui fazer o rapaz levar apenas o contrato e enviar a conta pelo correio para que fosse paga através de depósito em conta-corrente. Por que escolhi essa forma? Porque há muitas pessoas que se passam por funcionários da NHK, e nós brasileiros sabemos o perigo de passar o cartão em máquinas não confiáveis, além da existência de corrupção pública. A documentação para o depósito bancário leva de 2 semanas a 1 mês para ser finalizada, o que permite que pessoas espertas tentem um cooling-off (que não será aceito, mas serve para ganhar tempo). O banco já faz o trabalho de certificar de onde está vindo a conta e verificar a veracidade dos fatos, e ainda deixa registrado oficialmente a transação bancária. Isso faz com que o pagamento seja cobrado diretamente na conta e, no final, não há como escapar. Fiz isso esperando que um dia apareça um Harvey Specter japonês para vencer toda a máquina suja de corrupção, e assim por diante.


7. Comida



O custo da comida depende muito de onde você mora. Se estiver em uma cidade cercada por áreas agrícolas, é provável que os custos com alimentação sejam mais baixos. No entanto, se você mora no coração de Tóquio, a comida tende a ser mais cara. Pode gastar em torno de 1000 yens a cada refeição se optar por comer fora. Se não for muito seletivo quanto ao tipo de comida, pode encontrar marmitas (bentos) à venda nos mercados por 200 a 500 yens.

Se você explorar bem, souber onde encontrar preços acessíveis, não for exigente em relação à comida e estiver disposto a experimentar diferentes opções, economizará mais na alimentação morando no Japão.

Agora, se for do tipo que só come carne de primeira, arroz e feijão, e saladas frescas... É melhor buscar um emprego com uma renda substancialmente alta. E boa sorte em encontrar arroz soltinho no Japão.

Meu sonho é trabalhar em uma empresa que tenha um refeitório de self-service aberto 12 horas por dia.
Ei, Google, já enviei meu currículo para vocês uma vez por ano, não é verdade?







Tem contas acima, que se morar em Ryo (dormitório da empresa) podem ser descontados diretamente do seu salário. Somente o NHK e a comida não serão descontados pois devem ser pagos particularmente. Mas se for marmita comida durante o horário de almoço, podem ser descontados. 



Em um exemplo, a conta seria basicamente assim:

160,000 yens de Salário Bruto 

- 4,000 yens de Imposto Cidadão *Tokio tem os impostos mais baratos do pais
- 6,000 yens (+/-) de Imposto Sobre renda
- 30,000 yens Os seguros saúde e previdenciária juntos. 
- 50,000 yens Aluguel de um apartamento de um cómodo.
- 10,000 yens a conta de água, luz e gahs se economizar bastante. 
- 50,000 yens a comida se economizar. 
____________________
= 10,000 yens


Sobra 10,000 yens.
Ou seja, 343 reais na cota de 0.00343 de 26/06/2018.


O salário mínimo no Japão varia de província para província, mas é calculado com base no pagamento por hora trabalhada. A média salarial por hora de trabalho costuma ser em torno de 700 yens. Os cálculos e valores mencionados acima se aplicam mais ou menos a quem mora na Província de Kanagawa, onde os aluguéis tendem a ser mais baratos.

Se você se esforçar e for esperto, é possível reduzir significativamente os gastos com alimentação, mas isso pode limitar sua capacidade de comer fora.

Com esse salário médio, trabalhar 8 horas por dia, 5 dias por semana durante um mês resultaria em um rendimento de 112,000 yens.

É importante notar que pode ser necessário fazer horas extras ou ter dois empregos para conseguir viver confortavelmente com esse salário.

Eu concordo que a filosofia de trabalho e estilo de vida no Japão muitas vezes pressiona as pessoas a fazerem horas extras e trabalharem nos finais de semana para sustentar a si mesmas. No entanto, acredito que devemos investir em nossa educação e qualificação profissional para buscar empregos que paguem pelo menos 1000 yens por hora, o que permitiria ganhar um salário bruto mínimo de 160,000 yens por mês ao trabalhar 8 horas por dia, 5 dias por semana.


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