10 coisas que precisa saber antes de se mudar para o Japão.


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As 10 coisas que não são conhecimentos básicos e nem vão te levar para o Japão. Mas te tiraria um peso do ombro se souber antes de ir. Assim, desencargo de consciência mesmo. São coisas que experienciei.
Se você for homem, se atente ao item 6, e fique atento para não se meter em encrenca.

1. Sakura só tem durante umas duas semanas, meados de março e abril. E não o ano todo.
2. O verão japonês é insuportavelmente quente. 
3. Não se deve mostrar o decote. Ou usar roupas muito apertadas.
4. Se tem tem cara de japonês, esconda sua tatuagem.
5. As roupas são extremamente baratas.
6. Não dê cantadas. 
7. Se você é vegetariano/vegano, se prepare.
8. Os japoneses não falam inglês.
9. Aprenda a viver em coletividade organizada.
10. Pesquise um pouco da cultura antes de vir



1. Sakura só tem durante umas duas semanas, meados de março e abril. E não o ano todo.


No Japão tem quatro estação muito bem agendadas como escrevi aqui:
http://morandonojapao.blogspot.jp/2015/04/primavera-no-japao-portugues.html

E sakura é flor de primavera.

As sakuras originais, como descrevi a diferença neste post:
http://morandonojapao.blogspot.jp/2015/03/os-tipos-de-sakura-em-portugues.html
Só tem no mato, montanha, no jardim de alguém e em alguns parques.

Mas as famosas sakuras, essas que ficam toda rosé e sai caindo que nem neve, que nem vimos em cartões postais, são clones. Esse ato de florescer sem folha e cair as pétalas é um tipo de condição adoecida. E só ocorre em temperaturas amenas da primavera, floresce em 3 dias e cai em uma semana. 

Quando chega a primavera, juntamente com a previsão de tempo, tem a previsão de florescimento de sakura pra ninguém perder. 

2. O verão japonês é insuportavelmente quente. 


Deixe-me te contar, nos anos 90, quando morava aqui, eu costumava vestir blusinhas de meia calça só para evitar o calor. Caminhava de tênis e meia mesmo quando a temperatura alcançava quase 28 graus. Isso foi no interior de Kanagawa, não tão longe de Tokyo.

Não sei se é por causa do efeito estufa, aquecimento global ou radiação, mas este país, que sediou as Olimpíadas de 2020, não está economizando na temperatura. É escaldante. Extremamente quente. A umidade parece estar sempre alta, e o sol parece que está dando um banho de câncer de pele a cada segundo que brilha.

O verão japonês começa a aquecer devagar em maio, atingindo o auge em agosto. Nessa época, as temperaturas podem sorrir nos 40 graus, com uma umidade de 100%, e todos nós ficamos cozinhando como lagostas em água fervente.

Se quiser se proteger, não hesite em usar um guarda-sol, boné ou chapéu à moda do Zé Carioca, leve um lenço, aplique filtro solar generosamente e comece a se acostumar com o Pocari Sweat, o energético que ajuda a evitar a insolação e a desidratação.

Em geral, o verão japonês é notavelmente quente devido à alta umidade. Talvez quem more perto da praia no Brasil esteja um pouco mais acostumado. A umidade no Japão pode chegar a 100%, com uma média em torno de 80%. Chuvas fortes são raras durante essa estação. Em algumas cidades, a temperatura pode alcançar até 40 graus, semelhante ao Brasil, mas com o dobro da umidade.

Um dos maiores desafios é enfrentar o ar-condicionado de shoppings, lojas e meios de transporte, que costumam ser mantidos a temperaturas bem baixas. Portanto, é sempre uma boa ideia ter um casaquinho leve à mão para lidar com essas mudanças bruscas de temperatura.


3. Não se deve mostrar o decote. 

Ou usar roupas muito apertados.


Não há absolutamente nada de errado em usar o que você quiser em termos legais.

No entanto, a moda japonesa é um tanto peculiar. Usar shorts ou saias curtas não costuma ser um problema, mas há uma aversão em relação a roupas que deixam o umbigo à mostra ou têm decotes muito profundos. Além disso, a moda japonesa tradicionalmente favorece roupas folgadas. Roupas curtas, justas e decotadas são geralmente reservadas para festas em clubes noturnos.

Não se sinta ofendido, deixe-me explicar a cultura popular.

O Japão tinha um histórico de prostituição, incluindo escravidão sexual. Meninas (e meninos) de famílias extremamente pobres eram vendidas como escravas sexuais até sua proibição oficial no final do século XIX, mas a venda clandestina de escravas(os) sexuais continuou até o final da Segunda Guerra Mundial. Hoje, a prostituição é estritamente proibida por lei, embora ainda exista em certos subterrâneos.

Os bairros de "luz vermelha" do passado ainda estão ativos em 2015, e incluem locais como "soap lands" (onde moças tomam banho com clientes), massagens (que incluem massagem sexual), "kyabakura" (onde você paga um preço elevado pela companhia e bebida), "sunakku" (onde você paga caro por bebidas, karaokê e tem tias que conversam com você) e gueixas (que oferecem companhia, apresentações de dança e canto tradicional). Todos esses estabelecimentos operam dentro do padrão legal, pois de acordo com a lei japonesa, apenas a prostituição com "ato" fora de locais legalizados é considerada ilegal.

O que estou tentando dizer é que as mulheres que trabalham nesses estabelecimentos (que são de diversas classes sociais) têm algo em comum: sua vestimenta. As gueixas, por exemplo, vestem kimonos, mas usam maquiagem extremamente carregada. As roupas curtas, justas, decotadas e saltos altos são o uniforme oficial dessas trabalhadoras noturnas. Não são prostitutas, então não devemos confundir acompanhantes com sexo transacional, mas também não são vistas como moças de família.

Novamente, não há nada de errado em usar roupas Laforet tamanho P com jeans skinny e salto alto. No entanto, esteja preparado para atrair olhares de homens e mulheres. É um país onde a beleza nacional é o "Kawaii", que envolve moda e maquiagem que fazem as pessoas parecerem crianças de 10 anos.

Portanto, não há problema em usar uma saia curta, desde que seja rendada e rodada. É aceitável mostrar as pernas, mas fuja de decotes profundos. Não há problema em se vestir dessa forma, mas esteja ciente de que as pessoas podem te olhar de cima a baixo. Se quiser se misturar e se aventurar na moda japonesa, ótimo. Apenas lembre-se de escolher cuidadosamente suas roupas para eventos mais formais.

Quando cheguei aqui, não sabia muito bem o que era o Bounenkai (um jantar de confraternização de fim de ano, mas quando é do trabalho, a finalidade não é confraternizar). Eu estava usando jeans de marca, uma blusa chique e salto alto, porque estava frio para usar o "pretinho básico". Imaginem como eu me senti no meio de TODO MUNDO de TERNO e GRAVATA.

A etiqueta envolve pesquisar e adaptar suas roupas para cada ocasião.



4. Se tem cara de japonês, esconda sua tatuagem.



Veja sobre tatuagem no Japão neste post:
Quando se trata de pessoas de raça diferente da asiática, geralmente dizem: "Ah, são estrangeiros, têm uma cultura diferente." No entanto, quando se trata de descendentes asiáticos, as reações podem ser diferentes, com algumas pessoas rotulando-os como criminosos.

Felizmente, você pode encontrar adesivos e maquiagem específicos para esconder tatuagens em farmácias comuns. Alguns onsens (banhos termais) aceitam a entrada de pessoas que usam esses adesivos para cobrir suas tatuagens. Se você tiver uma tatuagem pequena que não seja muito chamativa, em locais públicos, dependendo da região, pode não haver muitos problemas.

No entanto, o problema surge quando você é um entusiasta da cultura japonesa e decide tatuar um desenho japonês no estilo WABORI. Esse estilo de tatuagem é associado à Yakuza, a máfia japonesa. Mesmo que a tatuagem seja pequena e você seja estrangeiro, as pessoas podem reagir negativamente. A presença desse tipo de tatuagem pode impedi-lo de entrar em locais públicos.

Portanto, se você se deparar com um grupo de japoneses com essas tatuagens reunidos e sorridentes, é aconselhável se retirar do local para evitar problemas.



5. As roupas são extremamente baratas.

Certamente, se você estiver procurando por marcas de luxo como Dior, Chanel, Havaianas (sim, tenho uma grande admiração pelos executivos dessa marca pelo seu sucesso), Melissa (o mesmo caso), ou algo genuinamente "made in Japan", você vai encontrar preços elevados, muito elevados. 

No entanto, quando se trata de marcas como Adidas, Nike e outros produtos esportivos, ou itens fabricados na Tailândia, China e outros lugares, eles são frequentemente vendidos a metade do preço em comparação com o Brasil, mesmo quando o iene está valorizado. Isso é ainda mais notável quando o iene está mais forte do que o dólar.

Pessoalmente, eu me arrependi de não ter vindo apenas com as roupas que estava usando. As roupas aqui são tão acessíveis que algumas pessoas compram peças novas apenas para fazer doações para os necessitados. Os japoneses costumam vender roupas usadas que foram usadas apenas uma vez em lojas de roupas usadas, e essas peças são geralmente bem conservadas.

Portanto, não vale a pena trazer roupas velhas do Brasil. Em vez disso, considere trazer calçados, especialmente porque a maioria dos produtos de moda rápida aqui é fabricada na China. Se você já comprou calçados no Paraguai, saberá do que estou falando. Um par de sapatos custa 15 dólares e dura apenas duas semanas. Quanto a botas, é aconselhável comprá-las aqui, já que as botas brasileiras geralmente não resistem ao outono. No entanto, para o seu guarda-roupa diário, a melhor opção é comprar tudo aqui, pois vale a pena em termos de custo.


6. Cuidado com cantadas. 




Não dê cantadas. Na verdade, a não ser que estejam ficando ou saindo juntos, não aconselho cantada em ninguém. Nem em clube noturno, muitas vezes gerenciados pela organização mafiosa, pode ser que você dê cantada em garota errada.

Na minha opinião, não fica dando um de fácil não.
Seja difícil.
Vamos respeitar o espaço do outro.
Lembra que a sua mãe te falava: Não fale com estranhos?

Não passe a mão. 
Passar a mão no Japão, desde uns anos atrás por lei de Proibição a Atentado ao Pudor (Meiwaku boushi jourei 迷惑防止条例) e artigo 176 da Lei Penal japonesa (ato obsceno), é crime sexual.
Você pode ir preso.

VOCE PODE IR PRESO.

Não me interessa se foi numa festa, dentro de trem lotado, na rua, foi sem querer.
Se a vítima resolver te denunciar. VOCE VAI PRESO.


Lei de penas leves, artigo 1 parágrafo 28.
Impedir a passagem em locais públicos, seguir o indivídio lhe causando desconforto, é sujeito a penalidade.

Em base, passar uma cantada no estilo pedreiro em trabalho na construção, não é crime.
Passar cantada em cada bonita que passa na rua durante o seu trabalho do local de trabalho já é razão para demitirem com justa causa.

 “Foi sem querer querendo” não cabe como desculpa.

Por mais que a penalidade for absurdamente leve, ser suspeito de um crime já é razão legal para perder o emprego, e em piores dos casos perder o visto. No Japão a lei trabalhista dá total direito a empresa dispensar um funcionário que sofreu nem que seja interrogatório policial. 

E outra. Haveas corpus? Fiança? Responder em Liberdade? Direito a telefonema? Direito a presença de advogado?
Esses são direitos no Brasil.
No Japão, a realidade é diferente. 


Tome cuidado. 
Não dê cantadas.
Não pegue, não siga, não corra atrás.

Se você for bonito/bonita com muito mel, as abelhinhas vão vir atrás sem esforço algum. Tome esse conselho e engula.


7. Se você é vegetariano/vegano, se prepare.

  

Achou que japonês só comia verdura e peixe?
Você se engana muito. 
Até a crise pecuária brasileira por “vaca louca”, Japão era o cliente número um da exportação de carne bovina do Brasil. Hoje o Japão sustenta a pecuária australiana. 
Todo lugar que você for, vai ter carne, carne e carne. E vai ser muito difícil achar algo totalmente vegetariano, nem que seja salada. Tanto é que se eu começar a ligar para os molhos, nem shoyu consigo comprar (tem shoyu com essência de atum).
Se não sabe ler o idioma, falar, ou nem pretende aprender, sugiro que leve escrito “vegetariano – ベジタリアン” ou “vegano - ビーガン” em um cartão e mostre para o atendente indicar um prato no menu. E não se assuste se ele nem se quer mostrar a parte de bebidas e só abanar a cabeça. 

E olha, eu sofro até no Starbucks e Subway.
E o meu maior pesadelo é comida com carne moída.

8. Os japoneses não falam inglês.




Coloque isso na sua cabeça e vai se sair bem. Repita como mantra. 

Eu descobri isso assim que eu pisei no aeroporto e fui declarar meus pertences na alfândega. O funcionário do aeroporto veio falando em línguas estranhas e eu entrei em pânico. Mas ele estava falando em um inglês com sotaque japonês super carregado. 
E tem aulas de inglês nas escolas, mas não tem curso de língua inglesa da mesma forma que no Brasil (alô CCAA, Wizart e Cultura Inglesa! Vem investir aqui!).

Os policiais não falam inglês, atendente do ferroviária não fala inglês, a moça do Starbucks não vai entender o seu “Tall Size Pleaaaase”, tampouco do McDonalds, o motorista de taxi são todos aposentados, e nem no hotel falam inglês, e as placas em “inglês”, não sei se são inglês australianos, mas estão normalmente erradas. 

9. Aprenda a viver em coletividade organizada.



Segredo da paz na socialismo utópica é a coletividade urbana.

Não atravesse onde não tiver faixa de pedestre, Não atravesse no sinal vermelho, Dê espaço para outros passar, Tome cuidado para não invadir o espaço do outro, Não seja espaçoso, Agradeça, Peça desculpas, Pede por favor, Se achar devolva, Fique na fila, Não incomode os outros, saiba dividir.

Nas cidades metropolitanas japonesas, principalmente em Tokyo, onde junta migração de todas as regiões, países e culturas, e o espaço é pequeno, é tudo estressante. Como o dinheiro é tempo, as pessoas estão sempre com pressa para chegar no trabalho, e sair para se divertir. Pessoas de cidades grandes não são educadas e vivem estressadas. 

Por isso mesmo, ser educado não é educação no Japão. É uma etiqueta para ficar longe dos problemas. 

10. Pesquise um pouco da cultura antes de vir



Dizem que em Paris, se iniciar a frase com “pardon”, as pessoas são mais legais com você se estiver na rua perdido. No Japão, a mesma coisa. 
Se você souber de algumas etiquetas, tradição, ou se mostrar interessado em aprender, as pessoas vão ser bem mais legais e compreensíveis com você. Ninguém gosta de um sabichão ou um metido, ou um preconceituoso ou mimado. Seja humilde.

Pesquise não somente a comida, mas as casas japonesas, o dia-a-dia dos japoneses, a etiqueta no trabalho, a etiqueta na hora de comer, um pouco de japonês, algumas leis e regras. 
Saber mostrar o que sabe sobre a cultura, e ainda perguntar humildemente sobre mais, sempre vai ajudar a se relacionar melhor com as pessoas.

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